terça-feira, 24 de maio de 2011

Uma imagem vale mais que mil palavras

Crianças do projeto “Meu Morro Meu Olhar”, revelam a beleza de onde moram

Foto: Divulgação

Aliar a arte da fotografia à inclusão social. Esse é o objetivo traçado e cumprido desde 2009 pelo Projeto “Meu morro, meu olhar”. Idealizado pela professora Aline Guerra, o projeto fotográfico foi uma maneira de crianças da 5a série do Ensino Fundamental, ( com idade entre 11 e 13 anos), mostrarem o Morro do Papagaio (Aglomerado Santa Lúcia) sob uma nova perspectiva, demonstrando como enxergam o local onde residem.

Tudo começou quando Aline, na época professora de Educação artística do Programa Escola Integrada da Escola Municipal Ulysses Guimarães, encontrou num armário da escola , algumas câmeras analógicas sem uso. Pensando na mágica utilidade que tais instrumentos poderiam ter, surgiu a idéia de fazer um projeto de fotografia com as crianças, que foi encaminhado para a direção da escola e aprovado.

Os pequenos grandes fotógrafos contam com aulas teóricas e práticas do voluntário e também organizador do projeto Jorge Quintão, fotógrafo há mais de 20 anos. “ Já trabalhei em outras comunidades, mas era sempre a minha visão sobre o local em que estava, eu é quem fotografava. Dessa vez, surgiu uma oportunidade diferente que me interessou muito.”, diz Jorge. “ Como nunca tinha dado aulas, preocupava-me com a linguagem, com qual seria a melhor maneira de ensinar crianças a tirar boas fotografias com técnica. Percebi com o tempo, que mesmo de forma não consciente, eles já sabiam fotografar. O olhar de criança é puro, sincero, autêntico. Um pouco de aulas de teoria e prática apenas aprimoram e fazem descobrir o potencial que têm. Eles são muito inteligentes e capazes, as aulas são muito divertidas e o resultado é excelente”, ele completa. “Antes eu pensava que tirar fotos era só apertar um botão”, diz a aluna Thaís Lorraine, demonstrando o quanto aprendeu com a experiência. Agora, ela já sabe e ensina que tem que observar luz, enquadramento e outras técnicas para ter uma boa fotografia.

A mistura de olhares inocentemente curiosos e câmeras fotográficas, já rendeu belas fotos, exposições e muito sucesso. Em dezembro de 2010, Pela segunda vez consecutiva, um aluno do projeto ganhou o primeiro lugar no concurso fotográfico Repórter Guri Fotográfico, promovido pelo Jornal Estado de Minas. O aluno Matheus Guedes levou o prêmio de primeiro lugar, com uma foto tirada em um beco do Morro do Papagaio. Ele participou somente com uma foto, que foi a escolhida para o primeiro lugar. O concurso selecionou 15 fotografias de 120 participantes de Minas Gerais. Quatro dos treze alunos da escola, inscritos no concurso, foram selecionados. As novas turmas de 2011 já começaram, e pelo que tudo indica, o projeto continuará por um bom tempo, assim como seu sucesso.

Diz um provérbio árabe que “Quem não entende um olhar, tampouco entenderá uma longa explicação”. Portanto, sem mais explicações, fica aqui a sugestão de entendermos um pouco mais sobre a cidade e o mundo onde vivemos, através da sensibilidade do olhar destas crianças.

Site Olhar Coletivo - Para ver a galeria de fotos e fazer doações para o projeto “Meu Morro, meu olhar” , basta visitar o site www.olharcoletivo.com.br .


Fotos: Jorge Quintão











sexta-feira, 20 de maio de 2011

Você Repórter



Atualmente, um novo fenômeno surgiu no mundo jornalístico: O jornalismo colaborativo. Esse consiste na interação do leitor com o veículo de informação, transformando-o também em produtor de notícias. Essa ferramenta interativa funciona da seguinte maneira: Uma pessoa normal, que não é necessariamente jornalista ou fotógrafo se depara com alguma situação inusitada no seu dia-dia e julga que isso daria uma boa notícia. Produz então uma pequena matéria ou nota, com fotos e envia para o veículo informativo (principalmente os online). A redação avalia o conteúdo, e se o achar relevante, publica. Como exemplo, entre vários, existe o portal de notícias Terra, que criou a sessão " vc repórter ". Após preencher um formulário com informações básicas, o usuário pode mandar as notícias que bem enteder. Quer mais interatividade ? As notícias e fotos podem ser mandadas até via celular.

O recurso é genial por abrir espaço para a mão dupla nos veículos de comunicação, tirando a exclusividade da produção de notícias apenas pela redação de jornais. Ao transformar o cidadão comum em repórter, o veículo fideliza o leitor também, pois ele se sente mais integrado e parte da produção da notícia, gerando também uma impressão de ser mais democrático.

Como sempre, cada inovação tem os dois lados. Por um lado, o jornalismo colaborativo representa uma nova realidade, ajustados ás exigências modernas. Hoje em dia, praticamente todo mundo tem um celular que tira fotos e entra na internet. Para não ficar para trás na rapidez de cobertura de notícias, o jornalismo se reinventa e fica ainda mais abrangente. Se um repórter oficial de um veículo não está presente no local, provavelmente algum internauta está. A ferramenta ajuda então, o jornalismo a sobreviver na era digital.

Por outro lado, há a questão da veracidade e qualidade das notícias. Mesmo passando por um filtro, criado pela redação do veículo de comunicação, há o risco de, na pressa por publicar uma notícia em primeira mão, publicar algo falso, ou que contenha informações duvidosas. Em tempos de Photoshop e manipulação de imagens, mal sabemos se uma foto é real ou montada.

Minha avaliação é que a colaboração é válida e genial, mas deve contar com o cuidado e intermédio de um jornalista. Sabendo filtrar e apurar a veracidade das informações, o jornalismo só tem a ganhar. E os leitores também.